Resgate

3 horas da manhã. Nós já estivemos aqui antes, você me resgatando de mim mesmo, no meio da noite. Enquanto entro no carro me pergunto por quanto tempo você ainda terá paciência para isso. Eu quero voltar para pista de dança, mas eu mal consigo me segurar em pé.


Com a cabeça encostada na janela eu vejo a paisagem se movendo, tudo é mais poético quando se está embriagado, no meio da madrugada, mas você está usando aquele pijama que eu adoro, sua cara séria e seu silêncio traduzem seu sono e sua raiva.

“Até quando tu vai fazer isso com a gente?”, você pergunta. “Não tem a gente”, eu retruco de forma malcriada. Mas no fundo eu agradeço por ser você ao meu lado, não um estranho qualquer. Essas nossas brigas nunca dão em nada, então de que adianta tê-las?

Então você desiste, passa a mão na minha perna, acariciando. Coloco minha mão sob a sua, essa é nossa forma de se entender, de concordar que não adianta discutir, as coisas são do jeito que são.

No dia seguinte, a amnésia momentânea faz com que eu me pergunte onde estou. E lá está você ao meu lado, com semblante de dever cumprido e eu volto a dormir novamente com a certeza que estou em boas mãos, porque você é quem me resgata dos perigos que me consomem por dentro.

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